segunda-feira, 27 de junho de 2016

MARCEL DUCHAMP E O URINOL BRANCO INVERTIDO





   O urinol  de parede que Marcel Duchamp mandou para o Salão dos Independentes, em Nova York (1917), foi eleito a obra mais importante que tudo o que se produziu em artes plásticas no século XX.
   O Artista o intitulou de "Fonte" e assinou como sendo de R. Mutt, produzido pela J. L. Motta Iron Works Company.
   Duchamp dizia que o nome "Mutt" que botou no urinol, como sendo o do pretenso autor (que era ele mesmo) era uma homenagem aos personagens em quadrinho- Mutt e Jeff.


   O urinol nem chegou a ser exibido naquele salão, porque foi censurado e a peça original, relegada, desapareceu.
   O interessante é que a obra que é considerada fundadora da contemporaneidade, não existiu o que existiu foi uma simples ideia que permaneceu "in absenti" ("in absenti" é um termo em latim que significa " em ausência"), a até os anos 1940, quando Duchamp começou a fazer réplicas dela para vários museus e colecionadores  apesar de afirmar que o artista não deve se repetir.

 Mandou fazer várias réplicas desse urinol para vender para museus, e confeccionou uma caixa portátil com miniaturas de suas obras para vender 

   Em 1990, a Tate Galery pagou um milhão de libras por uma dessas cópias.

   Na ocasião, quando a obra foi apresentada,  houve uma grande polêmica fomentada pelos jornais de Nova York e essa polêmica,  foi organizada pelo próprio Duchamp, sua amante Beatrice Wood e pelo seu marchand Arensberger.

 Duchamp dissesse que o urinol era apenas um urinol, um objeto deslocado de suas funções, alguns críticos, como George Dickie, começaram a ver nessa porcelana as mesmas virtudes plásticas das obras de Brancusi, e  alguns críticos, -já que o urinol havia desaparecido, começaram a ver na fotografia do mesmo feita por Stieglitz uma referência à deusa Vênus, que surgiu das águas e outros críticos considerando bem a fotografia do urinol concluíram que ali estava projetada a efígie de Nossa Senhora.
A te a  mulher do músico de vanguarda Eduardo Varese sustentou que o urinol era a reprodução da imagem de Buda.

Em 1993, em uma exposição em Nîmes, o artista francês Pierre Pinnocelli se aproximou de um dos urinóis de Duchamp e decidiu se "apropriar" da obra, primeiro urinando nela e dizendo que o fato de ter urinado nela a obra de Duchamp agora lhe pertencia.

Depois de ter urinado no urinol, Pinnocelli, pegou um martelo e quebrou a obra de Duchamp com o argumento de que agora a obra era dele, ele havia se "apropriado" conceitualmente dela.
É lógico que ele foi processado pelo estado francês que lhe exigiu uma hipoteca de 300.000 francos e a questão deixou de ser estética para ser policial. Até o Ministro da Justiça e da Cultura na França tiveram que opinar.

Em 2005,  Pinnocelli  ainda obcecado pelo urinol, insistindo que o urinol é de quem "intervem" nele, atacou a marteladas a cópia dessa obra no Beaubourg, em Paris, o que provocou novos problemas com a polícia.


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